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De 0800 a R$ 800: praias de Salvador têm atrativos para todos os bolsos

By Blog CasaFérias
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Nos quatro cantos de Salvador, o dia amanheceu nublado no primeiro sábado de dezembro. Logo nas primeiras horas, a chuva fez as honras tomando a forma de garoa. Deu trégua somente no início da tarde, quando a areia do Porto da Barra, já movimentada, aos poucos, foi dando lugar às cadeiras e aos sombreiros, crianças correndo, cachorro nadando, frequentadores e comerciantes circulando.

“Hoje começou assim. A partir de agora, não tem mais tempo ruim. De sexta a segunda, que aqui é sem lei, a praia fica cheia. É uma agonia retada. Para a gente, é muito bom”, afirma o comerciante de coco Gabriel Jesus, com ponto ao lado da balaustrada.

Os primeiros dias do mês seguiram no clima de chuva e mormaço. O pescador de Itapuã Valdemir Oliveira explica: “Todo ano a chuva com trovoada de Santa Bárbara é sagrada. Isso é normal”. Segundo o rapaz, com mais de 40 anos de vivência dentro do mar, o tempo abriria na segunda semana do mês. A previsão do tempo oficial apontou o mesmo. As praias, então, seguiram o seu fluxo em direção ao verão – bastava um aceno do sol para ficarem lotadas.

A orla extensa, com cerca de 50 quilômetros (entre a Baía de Todos-os-Santos e o Oceano Atlântico, o mar aberto), possibilita diferentes experiências, que, ao longo do tempo, também vão se transformando com novos hábitos. Há oito anos, as barracas que ocupavam a areia de diversas praias foram demolidas e deram lugar às cadeiras e aos sombreiros, isopor, sacola térmica, cooler, além de atividades esportivas. A praia ficou mais espaçosa. Para alguns comerciantes e moradores de bairros da orla, de lá para cá, essa mudança gerou uma diminuição da quantidade de frequentadores. Porém melhorou a limpeza e permitiu uma ampliação das possibilidades de uso desses espaços.

Na Ribeira, o cenário é de calmaria de terça a sexta-feira. No sábado, o movimento torna-se um pouco maior. Mas é  no domingo e na segunda, a famosa segunda-feira gorda, farta de  cozido, que a região  enche de gente, tanto nos bares ao redor como na praia.

A comerciante Edinei Barbosa avalia que, com o fim das barracas, o espaço se transformou completamente. A vida, nas suas palavras, “se tornou mais difícil para todos da orla”. Ela fixou-se há 35 anos como barraqueira  junto com o marido, e permanece no mesmo ponto, onde plantou uma amendoeira e  um coqueiro. Agora, vende bebidas em um isopor, disposto numa mesinha simples, e fornece, gratuitamente, cadeiras e sombreiros para os clientes. Entretanto, para ocupar, é necessário consumir pelo menos R$ 30 de bebida.

“Aqui enfraqueceu  muito. Muita gente não gosta das cadeiras dessas praias de hoje em dia, por isso a gente nem cobra. E agora até o passeio turístico é só Sorveteria da Ribeira, na locação da novela passada (Segundo Sol, da Rede Globo), no terminal, e quando muito o pessoal atravessa para Plataforma. Já domingo dá para ganhar um dinheirinho, mas aqui fica parecendo a Sete Portas, uma bagunça”, afirma Edinei, que foi dona da barraca Ouriço do Mar.

Se no saudoso período até em dia da semana almoçava-se nas barracas de praia, atualmente no domingo a maioria  leva “a farofa com salada e o cooler”, no relato da moça. O morador do bairro e professor José Bispo compartilha ponto de vista próximo ao da comerciante, mas pondera que a praia continua tendo muito potencial de atrair frequentadores. “Essa praia é linda. É só colocar umas barracas pequenas, padronizadas, que isso aqui melhoraria”.

Em Itapuã, outro extremo da cidade, essa transformação é visível para os “locais”, como se autointitulam alguns moradores. “Muita gente daqui que gostava de passar o dia e almoçar nas barracas deixou de frequentar para ficar nas praças ou nos quiosques do centro do bairro. Ao mesmo tempo, ficou mais organizada, limpa e tranquila”, conta a auxiliar administrativa Ana Paula, moradora do bairro, ao qual se refere como “o melhor lugar do mundo”.

Ela conta que vai à “praia das bolas”, próximo à antiga Rua K (hoje Rua da Música), há 30 anos. “Acabo sempre encontrando uma galera conhecida sem marcar nada, amigos de infância, colegas, vizinhos. Isso torna o lugar mais familiar. Às vezes, nem caio no mar, a cervejinha, o visual e o papo já são suficientes”. Conhecedora da região, quando visualiza um “pescador antigo”, com um peixe fresco e recém-pescado na mão, não hesita em levar. “Vejo saindo do mar e compro. Melhor fazer peixe fresco em casa do que comer peixe frito na praia, sem saber a procedência”.

Para todos os gostos: Da Ribeira à Praia do Flamengo, passando pela Barra e Itapuã, há praias paradisíacas, para ler e relaxar, outras animadas, para beber até o sol cair; águas tranquilas, para stand up paddle, e remexidas, para o surfe; barracas superestruturadas com preços altos, de comida e bebida, e pequenos toldos de comércio de bebidas e alimentos improvisados.

Tais características, às vezes, variam numa mesma praia ao longo do dia ou durante a  semana. Por exemplo, no primeiro horário no Porto, num sábado, crianças, adultos e idosos faziam natação e  ginástica. Menos de seis horas depois, um sujeito, quase camuflado, surge com o rosto mergulhado na areia quente, dormindo ali, sem pudor, já antecipando a ressaca, enquanto a pouquíssimos metros ao lado, o clássico salãozinho acontece num ritmo constante.

Quem costuma jogar gosta tanto que é capaz de dar um intervalo do trabalho de vendedor ambulante para se integrar no salão e tentar manter a redonda no ar. “Quando surge uma bola, a gente encosta, né? Tem que praticar, suar e depois cair nessa piscina. Não tem coisa melhor”, diz Gabriel Ribeiro, nascido e criado no Porto da Barra.

No contexto atual de crise econômica, milhares de brasileiros estão desempregados país afora. Segundo dados recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas pobres no país, que vivem com menos de R$ 406 por mês, aumentou em dois milhões de 2016 para o ano passado. Ao todo, são 54,8 milhões em situação de pobreza. A praia, assim, é uma opção, tanto de ganhar dinheiro com o comércio quanto de lazer acessível para bolsos cautelosos e/ou esvaziados. Afinal, “boiar no mar é de graça”, como canta Karina Buhr na música Ciranda do Incentivo.

“Mesmo que seja ruim (em relação aos anos anteriores), é bom, porque as pessoas vêm mais à praia e esquecem um pouco os problemas do país. Saem um pouco do shopping”, diz o bem-humorado vendedor Gilmário Bonfim, o Gil do Queijo, há 19 anos na praça. Por muitos anos, ele rodou por uma grande extensão do litoral, da Ribeira à Praia do Flamengo, às vezes   estendia até  a Praia do Forte. De uns tempos para cá, é figura conhecida no Porto da Barra. “Essa praia é tranquila e, para a gente que trabalha, é muito boa para vender. E tem de tudo aqui e todo mundo se respeita”, diz ele, sobre a configuração espacial da galera “descolada”, no canto direito (de quem olha para o mar) à área “mais misturada”.

Nesses anos de praia, Gil também aprendeu a tomar cuidado com os efeitos do sol na sua  saúde. Arrumou uma roupa colorida, que serve de proteção e marca visual para atrair os clientes.

“Uma vez cheguei  em casa tão queimado de sol que a minha esposa não me reconheceu. Depois, na brincadeira, ela perguntou: ‘Cadê o meu marido?’. Eu disse: ‘Aqui eu, mulher’. Aí ela me disse: ‘Então me responda: onde a gente se conheceu?’. Eu falei: ‘Essa é fácil, a gente se conheceu dentro do mar’. Ficou tudo certo e fiz  essa roupa”, narra Gil, com a  simpatia que é a alma do seu negócio. “Não gosto de incomodar os clientes,  ficar oferecendo o produto. Já  tem vendedor demais aqui. Fico no meu canto”.

De fato, é impossível permanecer no Porto da Barra por 10 minutos sem dizer um “não, obrigado” umas dez vezes. Isso por conta do número elevado de comerciantes na praia, tão encantadora como apertada. Esse fato incomoda alguns clientes, como o aposentado Paulo Reis. “É exagerado. Se a gente ficar dando atenção para todos, não conseguimos conversar”.

Os produtos vendidos no Porto da Barra, hoje, são diversos – de carregador de celular portátil a sushi, passando pelos clássicos ovos de codorna e acarajé. As ajudantes das baianas de acarajé rodam de ponta a ponta, com o pratinho pronto  em mãos para dar água na boca. O preço da dupla acarajé e cerveja, na areia, não oscila muito por praia. Em geral, um latão custa R$ 6 e um acarajé, cortadinho e completo, R$ 8. 

Esportes praieiros: Em muitas praias, a prática de esportes náuticos é presente. Na Rua K,  uma das mais recomendadas para o banho em relação à segurança  pela  Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semob), a Rey Náutica aluga prancha, stand up paddle, caiaque. Além disso, oferece aulas desses esportes. O responsável e instrutor Edilton  Machado diz que o espaço sempre foi conhecido como berço de esportes, tendo sediado eventos  como o Hollywood Vela, competição nacional de barcos e modalidades a vela, nos anos 1980. “É um centro de apoio. Vem gente da cidade toda”, pontua o rapaz, “local” da praia desde aquela década.

No final de semana, o espaço também disponibiliza cadeiras, sombreiros e vende petiscos e bebidas. No som, música eletrônica, rock e MPB, que constituem a paisagem sonora da praia, junto com pagode, arrocha e sertanejo.

Recentemente, a mítica praieira de Itapuã ganhou uma nova narrativa para alimentar o seu conjunto de   lendas. Um tal de sereio, um homem com barbatanas (referência à estátua da sereia que existe no bairro), supostamente foi visto por frequentadores em novembro. “É história, rapaz. O pessoal inventa coisas. Estou aqui há 40 anos, velejo de madrugada, cansava de sair de manhã do mar e nunca vi nada disso. O que tem é a travessia das baleias no segundo semestre e você enxerga a olho nu. É preciso ter respeito pelo mar e cuidado”.

O Rey Náutico também auxilia na segurança dos banhistas. Em Salvador, até o dia 3 de dezembro, 965 ocorrências, entre afogamentos, queimaduras com águas-vivas e caravelas, além de outros acidentes, foram registradas pela Coordenadoria de Salvamento Marítimo de Salvador (Salvamar). Desse total, 281 aconteceram durante o Carnaval. As praias que apresentaram o maior número foram Piatã e Jaguaribe. “Ficamos sempre ligados aqui  para ajudar caso aconteça alguma coisa e disponibilizamos coletes  salva-vidas”, informa o instrutor.

Balada top: Mesmo com o fim das barracas de praia, algumas estruturas comerciais parecidas, defronte ao mar, porém recuadas (não na areia), permaneceram e cresceram. É o caso de barracas como a Pipa e a Barraca do Loro, ambas na  Praia do Flamengo. Com acesso à praia, esses espaços têm realizado eventos de música, tornando a experiência de praia  uma espécie de balada aos finais de semana, cheia de pagode, axé e sertanejo universitário.

“Era uma casa de praia. Quando as barracas foram demolidas, quem tinha  dinheiro investiu assim. E  as pessoas estão carentes de eventos em barracas de praia, já que existem poucas. Por isso, tentamos oferecer um serviço equivalente a qualquer barraca do mundo”, diz o gerente-geral da Pipa, Valman Góes.

No estabelecimento, há diferentes ambientes e lounges (no total, 34), uma parte  com consumação mínima alta, de R$ 700 e R$ 800, aos sábados e domingos. O clima de balada e paquera, então, dá o tom do espaço. “É o que rola muito aqui”.

Apesar dessa característica, numa segunda, terça ou quarta, a festa dá lugar a um ambiente de privacidade e certa tranquilidade. Alguns jogadores de futebol frequentam, levam os amigos, ou “parças”, sem o risco dos holofotes. Nesses dias amenos  na barraca, o deck  também serve para relaxamento e imersão em leitura. As amigas, arquitetas e urbanistas Nathalia   Brandão e Ana Camila têm cultivado essa prática de ir à Praia do Flamengo para renovar as energias.

A  limpeza da praia foi um critério para a escolha do destino semanal. Chegaram a olhar o boletim do Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) de balneabilidade, divulgado todos os dias.

“É  um  compromisso com a saúde mental também, com a  cura, nesse momento político difícil. E banho de mar é uma  limpeza, pelo sal”, fala  Nathalia, que, embora resida  do outro lado da cidade, gosta da calmaria da praia. “É importante esquecer um pouco  a rotina e  as pressões cotidianas”, acrescenta Ana Camila, cujo hábito praieiro foi construído há pouco tempo. Elas explicam que preferem ficar na areia, no entanto, quando o tempo está instável, escolhem a barraca.  Além do banho, passam horas mergulhadas em leituras. “É bom pela viagem na história  com o vento e o som do mar”, completa Ana Camila.

Foto: Raul Spinassé (Jornal A Tarde / Agência A Tarde)
Fonte: Jornal A Tarde

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