Fotógrafos especializados em turismo dão dicas de fotografia de viagem
"Você é um fotógrafo que viaja ou um viajante que fotografa?" Esse é um questionamento que o profissional Haroldo Castro ouve com frequência e responde com desenvoltura: "Acho que sou os dois." Se esse tipo de resposta não é a sua praia, e você se encaixa no segundo grupo, dos amadores, gente como Castro ensina truques para você ter orgulho de mostrar seus álbuns de viagem.
Em 2013, ele criou a Viajologia Expedições, operadora que organiza workshops fotográficos a destinos como Mongólia, Mianmar, Namíbia e Etiópia. Fotógrafos amadores são metade do público dos cursos e, com Haroldo, aprendem a enquadrar, a usar o foco e a treinar o olhar, entre outras habilidades.
Para o fotógrafo Valdemir Cunha, que tem 20 anos de experiência clicando para revistas de turismo, o mercado, que vê o crescimento de turistas que gostam de fotografar, reflete o comportamento das pessoas. "Os celulares e as redes sociais estimularam a prática", diz Cunha, que acompanha amadores e profissionais em oficinas da agência Venturas aos Lençóis Maranhenses e ao Pantanal.
Também contribui para a expansão desse segmento do turismo, conhecido como expedições fotográficas, a evolução do equipamento. "Em uma viagem, quanto menos peso você carrega, melhor (e mais) você consegue fotografar", diz Cunha.
Para montar um manual da fotografia de viagem, a Folha de S. Paulo convidou sete profissionais (André Dib, Claudio Edinger, Cristiano Xavier, Feco Hamburger, Haroldo Castro e Valdemir Cunha) – um do jornal e outros de fora – para dar dicas de como conseguir o melhor clique nas férias:
Planejamento: Estude com antecedência o local, pesquisando o que será visitado e fotografado. Defina a duração da viagem de modo a ter tempo suficiente para clicar os lugares mais importantes com a melhor luz.
Tempo: Passar poucos dias nos destinos é um erro comum. Grandes imagens refletem intimidade com um local, e intimidade exige tempo. Sem pressa, é possível se aprofundar nos cenários e explorar a luz.
Referências: Literatura e cinema são grandes exercícios para a arte de fotografar. Quem vai ao Pantanal pode se iniciar na cultura visual do lugar lendo poemas de Manoel de Barros; se for a Nova York, veja filmes de Woody Allen.
Equipamento: É importante colocar na mala baterias e cartões de memória extras, além de uma segunda câmera - especialmente quando viajar a destinos onde não existem locais que consertam máquinas. Lembre-se também de fazer backup das imagens.
Olhar: "Sinta" o lugar e tente traduzir as sensações em imagens. As grandes fotos são carregadas de sentidos. Descubra o que toca você e exercite o "faro" para encontrar boas cenas. Escreva também anotações - isso ajuda a contar a história da viagem.
Quantidade: Evite clicar o tempo inteiro, erro cometido pela maioria dos amadores. Muitas vezes, o exagero de imagens faz o olhar deixar passar detalhes. Melhor fazer uma foto boa do que dez mais ou menos, dizem os fotógrafos profissionais.
Luz: A hora do dia em que se fotografa é essencial. A luz fica mais suave e melhor do nascer do sol às 9h30 e das 15h até o pôr do sol. Sob sol alto, suba em prédios ou mirantes -de cima, você registra a paisagem com a sombra no chão e vê melhor as cores.
Enquadramento: Não deixe muito espaço em cima da foto, como bastante céu. Quando fotografar alguém, o "teto" da foto deve ficar próximo à cabeça. Sempre que possível, coloque um objeto em primeiro plano - uma pessoa, uma barraca ou um barco.
Foco: Use o foco automático, já que o manual é recomendado para profissionais ou iniciados. Mas verifique onde sua câmera está buscando foco - repare no quadradinho que aparece no visor. A máquina deve apontar para aquilo que você deseja.
Noite: À noite, use um ISO alto e desligue o flash. Se possível, ande com um pequeno tripé na bolsa, mas lembre que o tempo gasto para montá-lo pode fazer com que você perca uma boa foto. Uma dica é apoiar a câmera em uma mureta ou mesmo no chão.
Pau de Selfie: O bastão permite que o fotógrafo fique a até um metro de distância da máquina. Seja criativo e fuja das selfies: use a paisagem na composição, e não apenas você.
Edição: Edite o material fotografado para chegar a um conjunto menor e mais significativo de imagens. Com esse processo, o fotógrafo consegue perceber o que funcionou e como funcionou, aumentando seu repertório técnico e estético.
Fotos e informações: Folha de S. Paulo
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